O Rei da Vela é uma peça teatral escrita por Oswald de Andrade em 1933, mas que só foi encenada pela primeira vez em 1967, pelo grupo Teatro Oficina, com direção de José Celso Martinez Corrêa. A obra é uma das mais radicais e provocativas do modernismo brasileiro, refletindo a crítica feroz de Oswald à sociedade burguesa, à exploração econômica e ao imperialismo.
Contexto histórico e literário
Escrita durante o período da crise de 1929 e da ascensão de regimes totalitários, O Rei da Vela expressa o desencanto de Oswald com os rumos do capitalismo e com a elite brasileira que, segundo ele, se rendia aos interesses estrangeiros. A peça é fortemente influenciada pelos ideais do Manifesto Antropofágico (1928), também de Oswald, que propunha “devorar” a cultura europeia e transformá-la em algo autenticamente brasileiro.
Enredo
A história gira em torno de Abelardo I, o “rei da vela”, empresário que enriqueceu vendendo velas num Brasil em decadência econômica, simbolizando um país atrasado e dependente. Ele lucra com a miséria alheia e representa a burguesia oportunista. A trama se desenrola quando ele se envolve com a jovem socialite Heloísa de Lesbos, revelando hipocrisias, interesses financeiros e traições.
Temas principais
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Crítica ao capitalismo e ao imperialismo norte-americano
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Satirização da elite brasileira e seus valores
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Teatro de ruptura: linguagem fragmentada, grotesca e cômica
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Influência do surrealismo e do expressionismo
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Mistura de gêneros e quebra da “quarta parede”
Estilo e linguagem
A peça mistura elementos de teatro popular, circo, revista, panfleto político e carnaval, usando uma linguagem anárquica, provocativa e cheia de neologismos e jogos de palavras. É um exemplo do teatro antropofágico, em que o grotesco e o exagero servem como ferramentas de crítica social.
Importância
O Rei da Vela é hoje considerada uma das obras-primas do teatro brasileiro moderno. Sua encenação em 1967 marcou um divisor de águas na cena teatral do país e ajudou a consolidar o Teatro Oficina como um grupo revolucionário. A obra é também um reflexo do espírito crítico do modernismo e do pensamento político e artístico de Oswald.
Capa: Sem rabiscos ou manchas.
Páginas: Sem rabiscos ou manchas. Com marcas manuseio.
Condição: Usado